quarta-feira, 4 de abril de 2007

Condição


Cheguei salva,mas essa tristeza me consome por saber que nada do que tenho feito ou do que eu faça mudará minha condição.

E a cada dia que passa mais certa estou de que a luta é diária, inevitável, necessária e dolorosa. E eu não queria que fosse assim. Mas é. Não quero cultivar a dor, mas ela está presente e por isso suporta-la não é uma opção, é o que restou. Se você sabe que eu já disse isso, não importa, encare como uma convicção.

Cheguei salva mas sei que muitas não tiveram a mesma sorte essa noite. Então não é possível sentir alívio pleno.

Temos tentado, tenho tentado.

Acordo e sigo. Tenho que construir barricadas. Sério. Algumas construí ao longo da minha vida. Não que eu quisesse. Sim, verdadeiras barricadas para impedir humilhação, desrespeito, invasão...Nem sempre vamos ser compreendidas quando tudo se confunde com o que está estabelecido de tal forma que faz cegar. Mas eu não posso esquecer que tenho que construir uma barricada materializada para que ele não entre.

Cheguei salva,mas não sei se sã. E em meio a tudo escrevo, busco água de galão na rua, pedalo, ouço música, discuto, arrumo tijolos, faço carinho na cadela, no cão, no gato, no outro gato, leio, busco verduras e frutas que sobram das feiras. E acabo me esquecendo e me sinto igual. Mas não sou.

Volto pra minha outra casa onde está o meu filho. Converso. Atenta. Posso relaxar quem sabe. Escrevo de novo. Não gosto de ônibus. Mas tava um tanto tarde pra mim. Pra mim. E para todas as outras.

O que há de bom em sermos o que somos tem um preço muito alto.

Cheguei salva.E pra quem não chegou peço perdão por não ter ajudado em simplesmente nada.

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